Achei incrível a forma como um
assunto delicado é tratado com um humor cuidadoso e leve. Certamente, um dos
melhores filmes que já vi – recomendo a todos.
Mas, além disso, um ponto
especial do filme me chamou a atenção.
Há um momento na história de
Philippe – um dos protagonistas, que é tetraplégico – em que um de seus fiéis
funcionários diz que o novo enfermeiro contratado por ele não é bom o
suficiente, o que preocupava a todos. Eles achavam que o moço não tinha
compaixão para ser um bom cuidador. Neste momento, Philippe diz: “Era exatamente o que eu queria”. Claro. E ele tem toda razão. Não é nada saudável alguém querer isso. Mas, por que não?
Dó, pena, piedade. Estas são palavras da mesma família da compaixão.
Quando alguém tem estes sentimentos por outra pessoa, significa não só que a
está tratando com inferioridade, mas que está tirando sua autonomia para chegar
ao alcance dos outros, que ilusoriamente são melhores. Essas palavras não tocam
ninguém. Pelo contrário, só afastam. Ao dizer: “Oh, tadinho!”, toda a
capacidade de ser “um igual” ou “normal” é arrancada da pessoa, como se
estivessem dizendo que ela não será capaz de sair de tal situação quando, na
verdade, tudo o que se quer é que sua posição prejudicada ou desfavorável seja
reconhecida sim, mas acima de tudo compreendida, e que o foco esteja nos
recursos que se tem para sair disso e pensar em todas as formas que se possa,
de fato, ajudar pra isso acontecer, já que sentir pena não leva a lugar algum.
Desta maneira, uma pessoa como Philippe ou mesmo alguém que se vê simplesmente
aborrecido, encontraria uma maneira saudável de lidar com suas mágoas.
Digo saudável, pois existem
muitas pessoas que tem certa atração por essa tal posição e a todo o momento se
colocam como vítimas dos acontecimentos da vida, como coitadas, o que só as
fazem ficar cada vez mais fracas. Isso sim é enfermidade.
Assista ao trailer aqui.
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